Quando estamos nos referindo ao tratamento da hidrocefalia, estamos tratando principalmente do implante de um sistema de derivação ventrículo-peritoenal (DVP) e, infrequentemente, no tratamento com a neuroendoscopia cerebral.
Quando buscamos entender melhor os diferentes tipos de sistema de DVP, muitas vezes entramos em confusão quanto às diferentes siglas e nomes. Mas vamos entender melhor:
As siglas abaixo representam metodologias de implante de um sistema de drenagem de líquido craniano:
- DVE: derivação ventricular externa – implante de um sistema de dreno que retira o conteúdo de líquor para uma bolsa coletora externa. Muito utilizado para o tratamento das meningites e sangramentos intracranianos.
- DVP: derivação ventrículo-peritoneal – implante de um sistema interno de drenagem de líquor, com o intuito de retirar excesso de líquor de uma estrutura chamada ventrículo cerebral para o intestino na cavidade chamada peritônio
- DVA: derivação ventrículo-atrial – implante de um sistema interno de drenagem de líquor com o intuito de retirar excesso de líquor de uma estrutura chamada ventrículo cerebral, para o coração na cavidade cardíaca chamada de átrio.
- DVPleura: derivação ventrículo pleural – implante de um sistema interno de drenagem de líquor com o intuito de retirar excesso de líquor de uma estrutura chamada ventrículo cerebral, para o pulmão na cavidade chamada de pleura.
- DSP: derivação subduro-peritoneal – implante de um sistema interno de drenagem de líquor com o intuito de retirar excesso de fluído do espaço liquórico, por fora do cérebro chamado de espaço subdural para o intestino na a cavidade chamada peritônio.
Outros destinos de drenagem são os ureteres e vesícula biliar, porém, não dispõe de nomes específicos e são usados em apenas casos raros.
Quanto aos tipos de implantes, dispomos de:
- Sistema de pressão fixa: representa o implante de uma válvula de drenagem do líquido craniano, na qual esta drenagem ocorre quando a pressão craniana supera a pressão da válvula implantada e não há como modificar a pressão da válvula.
- Sistema de pressão programável: representa o implante de uma válvula de drenagem de líquido craniano, na qual esta drenagem ocorre quando a pressão craniana supera a pressão da válvula implantada, mas há como modificar a pressão da válvula. Esta regulagem da pressão de drenagem da válvula é determinada pelo médico que acompanha o paciente, e pode ser mudada por sistemas magnéticos externos. As mais comuns se chamam: Strata, Progav, Hakin, Polaris, Sophy.
- Sistema autoregulável: representa o implante de uma válvula de drenagem de líquido craniano cuja drenagem ocorre através de um range de fluxo de líquido que é regulado automaticamente pelo sistema. Não há possibilidade de ajuste de drenagem do sistema pelo médico. O exemplo deste grupo é a válvula Íntegra da promedon.
- Antecâmera: representa um adicional da válvula com uma câmara cheia de líquor anterior ao módulo de pressão, ou de fluxo da válvula, no qual o médico pode puncionar de maneira estéril para a análise do líquor. Muito útil para afastar meningites relacionadas ao implante de um sistema de drenagem.
- Anti-sifâo: representa um adicional da válvula em geral posterior ao módulo de pressão ou de fluxo da válvula, através do qual é feito um melhor controle de drenagem de líquor conforme o posicionamento em pé e sentado (drenaria mais pelo efeito gravitacional) vs deitado (drenaria menos pelo efeito gravitacional). O intuito deste sistema é equilibra melhor a drenagem de líquor ao longo do dia.
- Cateter impregnado: representa alguns cateteres menos comumente utilizados que tem na sua superfície a impregnação de prata ou antibiótico, visando reduzir as taxa de infecção do implante do sistema.
Cabe uma ressalva que, muitas vezes mesmo os sistemas mais antigos de drenagem via sistema de pressão fixa, representam importante metodologia de tratamento sendo eventualmente a solução de muitos pacientes.