O recém-nascido prematuro está sujeito a padecer por alguns agravamentos, já que seu organismo ainda não foi desenvolvido por completo. Um dos problemas mais comuns é a hemorragia da prematuridade, que atinge cerca de 20% dos bebês nascidos abaixo de 34 semanas de vida gestacional.
O que é
Uma gestação convencional dura entre 37 e 42 semanas. Se o bebê nascer antes desse período, ele é considerado prematuro. Nessa condição, o recém-nascido estará exposto a complicações das mais variadas, entre as quais a hemorragia intracraniana com hidrocefalia. Principalmente se o bebê nascer com menos de 34 semanas.
Isso se deve, sobretudo, pelo fato de suas estruturas cerebrais não estarem plenamente desenvolvidas. A imaturidade da região se reflete nas zonas mais vascularizadas do cérebro, conhecidas como matriz germinativa.
Dentro desse espaço, a região pode sofrer graves lesões, já que é composta por vasos sanguíneos de finas paredes. Por consequência, os finos vasos poderão se romper com demasiada facilidade. Qualquer sinal de alteração no fluxo sanguíneo cerebral poderá ser decisivo na formação de um quadro de hemorragia da prematuridade.
Quais as causas
Quando a criança nasce antes do período recomendável, a mudança do ambiente intrauterino para fora do corpo da mãe provoca uma série de problemas que merecem acompanhamento médico por semanas. Dentre eles, a hemorragia da prematuridade é um dos mais comuns.
Estudos revelam que 20% dos bebês que nascem antes de 22 semanas podem ser acometidos por hemorragia intracraniana. Se o peso for inferior a 1500g, o risco aumenta para 40%.
De forma geral, o pico de desenvolvimento das estruturas cerebrais ocorre entre a 8ª e a 28ª semana gestacional. Depois desse período, essa zona tende a desaparecer. Por isso bebês a partir da 37ª semana dificilmente poderão apresentar um quadro de hemorragia.
Existem quatro graus distintos para a hemorragia da prematuridade. O primeiro consiste na lesão que fica restrita somente à matriz germinativa. O segundo grau afeta o ventrículo cerebral, mas não apresenta hidrocefalia. Já o terceiro grau atinge a mesma área, mas apresenta hidrocefalia. Por fim, no quarto grau, o bebê é acometido por uma hemorragia que se estende até o cérebro.
Segundo estimativas, os dois primeiros graus são os mais recorrentes de hemorragia intracraniana em recém-nascidos, representando chega de 75%. Além de serem os mais comuns, essas lesões em prematuros são mais amenas que as encontradas em grau III e IV. Em casos extremos, os dois últimos tipos de hemorragia podem comprometer a qualidade de vida do paciente para sempre, podendo levá-lo a distúrbios mentais, auditivos e visuais, paralisia cerebral, limitação no aprendizado, etc. Em casos mais graves (cerca de 30%), o bebê poderá perder a vida com a hemorragia intracraniana.
De forma geral, existem muitos fatores que desencadeiam o sangramento, que são potencializados com o nascimento prematuro. São eles: baixo peso do bebê, parto vaginal, sepse neonatal, apneia, pressão baixa (hipotensão), entre outros.
Diagnóstico
O exame para identificação da hemorragia se dá por meio do ultrassom transfontanelar. Esse tipo de investigação é realizado sobre a fontanela aberta (região popularmente conhecida também como moleira) do bebê e, portanto, é um dos mais efetivos no diagnóstico de hemorragias intracranianas em prematuros.
Existem outras opções de exames de imagens menos aplicadas. A tomografia de crânio, por exemplo, é uma solução menos convencional, muito por conta da alta radiação emanada sobre a cabeça do recém-nascido. Já a ressonância magnética é um exame mais promovido por médicos, pois mapeia de forma minuciosa o crânio do bebê. Por outro lado, o procedimento não é tão requisitado por conta da demora do resultado e do uso obrigatório de anestesia.
Tratamento
Após o diagnóstico da condição, o bebê dever ser monitorado constantemente. As medidas do perímetro cefálico e o volume ventricular são verificados com frequência ininterrupta, a fim de se evitar agravamentos no quadro hemorrágico do recém-nascido prematuro.
Por muitas vezes o tratamento cirúrgico é inevitável. Sobretudo se o paciente apresentar um quadro de hidrocefalia aguda ou crônica. Para esse procedimento dá-se o nome de derivação ventricular externa. Sendo assim, o bebê terá a pressão intracraniana e o desvio cefalorraquidiano mensurados. Além desse procedimento, a punção lombar pode ser uma alternativa viável, dependendo do caso do sangramento.
A administração de fármacos é contestada com veemência por muitos médicos. A indometacina e a acetazolamida são as drogas mais indicadas para a hemorragia da prematuridade.